Publicado originalmente no site da Funarte.
Brasil Memória da Arte.
A atriz Dulcina de Moraes fotografada em frente ao Theatro
Pedro II,
em Ribeirão Preto (SP). Parte do acervo do Cedoc Funarte,
a foto é
uma das imagens que ilustram
o vídeo-documento 'Dulcina, atriz e teatro'
Dulcina, atriz e teatro
Por Pedro Paulo Malta.
Um dos maiores nomes das artes cênicas no Brasil e um dos
teatros mais tradicionais do Rio de Janeiro. São esses os dois temas que se entrelaçam
no vídeo-documento Dulcina, atriz e teatro – uma produção de 20 minutos que
aborda as trajetórias da atriz Dulcina de Moraes e do Teatro Dulcina, tendo
como ponto de partida o vasto acervo fotográfico do Centro de Documentação e
Informação em Artes (Cedoc) da Funarte.
Além de fotos de Dulcina em diversos momentos de sua vida e
imagens de peças encenadas no teatro que leva seu nome, o vídeo-documento tem
depoimentos exclusivos do ator Emiliano Queiroz, da crítica teatral Bárbara
Heliodora e da figurinista Kalma Murtinho, além do presidente da Funarte,
Antonio Grassi, e do diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Antônio
Gilberto. Já as músicas do vídeo-documento foram selecionadas de discos
lançados pela Funarte na década de 1980, através do Projeto Almirante.
Nascida em 3 de fevereiro de 1908, na cidade de Valença
(RJ), no Vale do Paraíba, Dulcina de Moraes conviveu com o teatro desde a
infância, tendo como primeiros professores seus pais, Conchita e Átila de
Moraes, ambos atores. Fez sua estreia oficial aos 15 anos e logo criou um
estilo próprio de interpretação, marcado pela elegância, a valorização do texto
e a agilidade no tempo de comédia. Estrela de sucessos como a peça Chuva (de
Somerset Maugham), foi no comando da Companhia Dulcina-Odilon (com o marido, o
ator Odilon Azevedo) que trouxe mudanças decisivas para o teatro. Entre elas,
estão a regularização da profissão de ator, a abolição do ponto e a instituição
de folga às segundas-feiras para os profissionais de teatro.
Outra contribuição fundamental de Dulcina para as artes
cênicas no Brasil se deu em 1955, quando criou a Fundação Brasileira de Teatro
(FBT), instituição pioneira na formação de atores e profissionais teatrais no
país. Em 1972, mudou-se para Brasília, para onde transferiu a FBT, que seria o
embrião da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, fundada em 1982 e até hoje
atuante em Brasília, onde Dulcina faleceu, aos 88 anos, em 28 de agosto de
1996.
Reverenciada por grandes atrizes como Bibi Ferreira,
Nathália Timberg e Fernanda Montenegro (que a considera a maior personalidade
do teatro brasileiro no século 20), Dulcina de Moraes construiu grande parte de
sua história no teatro que leva seu nome, na Rua Alcindo Guanabara, nº 17, no
Centro do Rio. Fundado em 5 de dezembro de 1935 (com o nome de Teatro Regina),
foi lá que a atriz criou a Companhia Dulcina-Odilon, estrelou inúmeras peças e
estabeleceu a FBT, cujas aulas eram dadas nas dependências do Teatro Dulcina.
Nas décadas seguintes, o espaço abrigou temporadas
emblemáticas de companhias como a Teatro Cacilda Becker, Tonia-Celi-Autran e,
já nos anos 80, Asdrúbal Trouxe o Trombone. Foi lá também que o público
assistiu aos primeiros shows do Projeto Pixinguinha, a partir de agosto de 1977
– mesmo ano em que o Teatro Dulcina foi vendido pela atriz para o Governo
Federal, que delegou sua administração ao Serviço Nacional de Teatro. Somente
em 1984, no entanto, ele passou a funcionar sob a administração da Funarte, que
realizou a reforma mais recente no espaço entre 2010 e 2011, quando o Teatro
Dulcina foi reaberto, mantendo as características arquitetônicas art déco que
fazem parte de sua história.
Uma história que, paralelamente à de Dulcina de Moraes, é
relembrada em Dulcina, atriz e teatro – vídeo-documento realizado pelo Portal
das Artes.
Imagem, vídeo e texto reproduzidos do site: funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes
Vídeo-documento produzido a partir do acervo do Cedoc Funarte ressalta a importância de Dulcina de Moraes e do Teatro Dulcina na história das artes cênicas no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário